sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

REUNIÃO DE PAIS


Reunião de Pais,

Sofrimento ou prazer?

As reuniões devem ser feitas sempre a partir de uma parceria entre a equipe da escola (professores, coordenação, orientação e direção) e as famílias. Um princípio básico é que nenhuma reunião deve ser pensada individualmente: todas as pessoas envolvidas devem, de alguma maneira, ajudar a construir o trabalho, para que se sintam colaboradoras e responsáveis. Assim, cada participante poderá ter a sensação da importância e da validade de seu papel – que é sempre pessoal e único – no contexto em que atua. Ao final da reunião levará consigo, de um lado, a certeza de seu pertencimento e, de outro, a importância e a responsabilidade de sua atuação como gerador de mudanças no contexto familiar, escolar e social.

Gostaríamos de enfatizar que nenhuma reunião, de acordo com a proposta construtivista, pode estar pronta de ”per si”. Embora devam ser bem planejadas e elaboradas, elas somente acontecem à medida que se constróem, ou seja: dado o passo inicial, cada grupo acaba construindo a sua reunião, com os recursos internos de que dispõe. Não há duas reuniões iguais!

Montamos, aqui, uma proposta de reunião a partir do tema Violência, cuja urgência e importância atual é consenso. Obviamente, trata-se apenas de uma proposta. Cada educador interessado deve procurar adaptá-la à sua realidade, a partir dos objetivos que pretenda atingir e dos meios de que possa dispor.

Tema: violência

Público-alvo: pais de alunos do Ensino Fundamental

Objetivos: possibilitar uma troca de informações e de experiências acerca do tema e estimular a participação de todos no processo de mudança na micro (família e (escola) e na macroestrutura (sociedade)

Conteúdo: Sugerimos que seja feita uma ampla pesquisa (bibliotecas, livrarias, periódicos etc), conforme sugestão bibliográfica abaixo. Cada educador deve fazer o recorte mais adequado ao seu contexto.

Exemplos:

- Conceito de violência;

- Causas e conseqüências: conflitos familiares, o papel da mídia, os jogos de poder, a situação sócio-econômica do país, as diferenças sociais etc.

- Movimentos de ação e reação ( a população que se arma como solução de defesa e acaba por promover mais violência);

- Contextos em que ocorre a violência.

Propostas de estratégia:

a) Prepare a sala: coloque as cadeiras em círculo e providencie água, café e chá e, se possível, uma música ambiente tranqüila e flores.

b) Providencie os multimeios necessários: quadro-negro, giz, apagador, TV, vídeo ou computador com infocus , um painel forrado com papel kraft, canetas pilot de ponta grossa, tiras de cartolina em três cores diferentes, fita crepe, senha para a formação de grupos

c) Esteja presente na sala antes dos pais, para recebê-los pessoalmente e distribuir as senhas para a formação dos grupos. É importante que os membros da mesma família se distribuam em grupos diferentes.

d) Peça a cada pai que escreva (no quadro ou no painel) o que lhe vem à cabeça quando pensa em violência – com isto, os pais são colocados, de forma ativa e imediata, dentro do tema.

e) Divida-os em grupos, conforme o número de participantes. Os educadores presentes também devem se distribuir entre os grupos formados, com exceção da pessoa que estiver coordenando cada uma das fases.

Desenvolvimento:

1ª fase. Explique aos pais a tarefa: juntamente com os educadores, trocar idéias em relação à pergunta “O que os preocupa em relação à violência familiar, escolar e na sociedade?”

Em seguida, peça que façam uma síntese da discussão referente a cada um dos aspectos (familiar, escolar e sociedade) e escrevam, em uma ou duas frases, nas tiras de papel colorido (uma cor para cada aspecto).

Para finalizar, eles devem colar as tiras de cartolina no painel, que estará subdividido em três colunas (VIOLÊNCIA NA FAMÍLIA/VIOLÊNCIA NA ESCOLA/VIOLÊNCIA NA SOCIEDADE).

Tempo de duração: aproximadamente 15 minutos.

2a fase. Apresentação de três fragmentos do vídeo “Árvore dos Sonhos”, com Kevin Kostner. O primeiro fragmento refere-se à briga de dois garotos no pátio e à
intervenção do pai de um dos dois para apartar a briga. O segundo trata da briga dos
pais desses dois meninos e da conseqüente agressão verbal e física, em função de
um incidente no trânsito. E o terceiro aborda uma agressão entre duas crianças (um
garoto e uma garota) e a surpreendente reação do pai do garoto agredido. Tempo
aproximado de duração: 15 minutos.

Observação: caso não se possa dispor deste filme, o mesmo trabalho pode ser
feito com outro filme sobre o tema, notícias de jornal sobre violência ou relatos
de casos baseados em episódios escolares ou familiares.

3a fase. Forme três grupos. Nesta nova composição, que poderá ser aleatória ou não (excetuando-se os componente de uma mesma família), os membros de cada equipe deverão escolher uma pessoa para fazer o registro da discussão e outra para fazer a apresentação da síntese (se possível, um dos pais). Inicialmente, trocarão impressões sobre os fragmentos do filme. Em seguida, discutirão as seguintes questões, que poderão ser apresentados num cartaz ou numa folha de papel a ser entregue ao coordenador de cada grupo:

-- O que achou?

-- Que sentimentos surgiram a partir das diferentes agressões?

-- Qual a opinião sobre a intervenção do pai no primeiro, no segundo e no terceiro episódio?

-- Qual é a relação entre as três cenas do filme e o tema da reunião?

-- O grupo concorda com a postura do pai nas três situações? Por quê? Em qual dos episódios um encaminhamento diferente por parte do pai poderia ter evitado o aumento da agressão?

É possível estabelecer relações entre as cenas vistas e as
preocupações levantadas pelos pais na primeira fase da reunião? O que os três
episódios nos ensinam quanto à violência na família, na escola e na sociedade?
Qual o papel dos pais no encaminhamento de intervenções junto a seus filhos e na
sociedade, que viabilizem a construção de uma relação sem violência?

Tempo aproximado de duração : 45 minutos a 1 hora.

4a fase. Os coordenadores de cada grupo deverão expor uma síntese da discussão. O responsável pela condução desta fase da reunião deverá ter o cuidado de fazer
intervenções que remetam, sempre, às preocupações expressas pelo pais no início
da reunião, incentivando os participantes a pensarem de que forma uma conduta e
um encaminhamento adequado, por parte dos pais e educadores, pode favorecer um
cotidiano sem violência. Tempo aproximado de duração: 10 minutos por grupo.
Total: 30 a 40 minutos, com as intervenções do coordenador desta fase.

Encerramento. Peça para os pais fazerem uma rápida avaliação do encontro, resumindo-o em uma palavra, que poderá ser registrada no quadro-negro pelo
coordenador. Agradeça pela presença e solicite sugestões de temas para um
próximo encontro.

Texto extraído do livro: Reunião de Pais: Sofrimento ou prazer?

Editora: Casa do Psicólogo

Autores:

Beate G. Althuon

Corinna H. Essle

Isa S. Stoeber

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